Deputado baiano presta queixa em delegacia de Salvador alegando que foi chamado de 'macaco'

Situação ocorreu após Valmir Assunção divulgar que concorda com instalação de UTIs no hospital

Do G1 BA
Publicado em 11/04/2020 às 20h28
Foto: Divulgação 
O Deputado Federal Valmir Assunção ao sair da delegacia de Brotas

ITAMARAJU - O Deputado Federal Valmir Assunção prestou queixa na delegacia de Brotas, em Salvador, neste sábado (11), alegando que foi chamado, entre outras coisas, de macaco em um áudio compartilhado em grupo de aplicativo formado por moradores de Itamaraju, cidade natural do político. A suspeita do crime foi identificada como uma comerciante.

A situação ocorreu após o deputado divulgar um vídeo dizendo que concorda com a instalação de UTIs no Hospital de Itamaraju, medida anunciada pelo governado da Bahia Rui Costa para tratar pacientes com a Covid-19. Bahia já tem mais de 600 caso com 21 mortes da doença.

Segundo o boletim de ocorrência, durante o depoimento à polícia, o deputado afirmou que "em virtude da pandemia do coronavírus que assola o país, o governador da Bahia emitiu uma nota afirmando que abriria UTIs no Hospital Municipal de Itamaraju, para atendimento da população com o coronavírus".

Por causa disso, o deputado Valmir "fez um vídeo pelo WhatsApp com o objetivo de orientar a população desse benefício[...] Apesar disso, uma senhora, que é comerciante de Itamaraju, fez um vídeo com ofensas a honra subjetiva do deputado ao chamá-lo de nariz de Chapoca, horroroso e ridículo", diz outro trecho do boletim.
 
O boletim de ocorrência ainda afirma que a situação foi um ataque a "dignidade da pessoa humana, ao chamá-lo de macaco, como se a raça negra fosse inferior".

Na gravação da comerciante, em resposta ao vídeo do deputado, questiona quais benefícios o Deputado Federal Valmir Assunção levou para cidade e para o estado, além de atacá-lo com palavrões e ofensas.

Segundo a Polícia Civil, apesar do registro ter sido feito em Brotas, o caso será investigado pela Delegacia de Itamaraju assim que o deputado for ouvido naquela comarca.

Por meio das redes sociais, o governado da Bahia Rui Costa lamentou o ocorrido e disse que o caso já está na Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA).

"Lamentável! Estou indignado com o CRIME DE RACISMO contra o [deputado Valmir], chamado de macaco por defender a instalação de leitos de UTI em #Itamaraju, extremo sul da #Bahia, na guerra contra o #coronavírus. O caso já está na SSP. A #Covid19 não escolheu partido, raça e credo", disse o governador uma publicação nas redes sociais.

Já a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi) informou que acompanha o caso envolvendo a "prática de racismo contra o deputado federal baiano Valmir Assunção"

Disse também que ocaso está sendo monitorado pelo Centro de Referência Nelson Mandela, órgão vinculado à Sepromi onde foi formalizada a denúncia. "Também foi comunicado à Secretaria da Segurança Pública (SSP) para a apuração policial. O fato pode ser enquadrado na Lei Nº 7716/89, a Lei Caó, que define o crime de racismo como inafiançável e imprescritível".

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